Com aposta em crescimento sustentável, startups buscam caminhos e alternativas em meio a cenário instável


 Em momento que unicórnios demitem e cortam custos, algumas startups continuam em expansão com desenvolvimento planejado e seguro

Até 2021, as startups brasileiras viveram um período de euforia. Juntas, elas captaram US$ 9,4 bilhões ao longo do ano, segundo dados da empresa de inovação Distrito. O que alimentou contratações e expansão de atividades, mas não permitiu perceber riscos que se materializaram posteriormente. A escalada dos juros têm deixado os fundos de venture capital, patrocinadores tradicionais desse mercado, receosos em assinar cheques. No último mês de maio, as startups brasileiras captaram US$ 298,5 milhões, uma queda de cerca de 60% em relação aos US$ 772,6 milhões registrados em maio de 2021.

O cenário tem reforçado a importância de um ecossistema que privilegie a segurança e a sustentabilidade das startups. Para que uma empresa cresça de forma sustentável é preciso gerenciar o negócio com visão para o longo prazo. As startups que estão colhendo crescimento saudável são aquelas que, de forma responsável e bem planejada, se juntam a investidores que têm propósitos semelhantes, afinidade com o core da empresa e ambição de crescimento. "A sustentabilidade na expansão, aplicada à administração, é o que ajuda um empreendimento a se tornar um player cada vez mais forte e estabilizado no mercado", explica o head comercial da DealerSites, Marcos Pavesi.

Uma das estratégias para alcançar esse resultado parece ser investir em mercados que também precisaram se reinventar ao longo da pandemia. O setor automotivo, por exemplo, passa por meses incertos. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a queda foi de 4,8% nas vendas e 1,1% na produção em junho, se comparado a maio, que chegou a mostrar pequeno fôlego para o setor. Por isso, algumas startups que atuam nesse mercado, como a DealerSites, seguem um planejamento cuidadoso com aplicação de tecnologia de ponta e foco na experiência do consumidor final de concessionárias.

A empresa tem planos arrojados, que vem na esteira de uma sequência de bons resultados. Depois de crescer 93% durante a pandemia, a empresa prevê um novo recorde para 2022, com crescimento de 133% até dezembro. Enquanto que, em 2021, a startup chegou aos R$ 6 milhões de faturamento, a expectativa para este ano é atingir R$ 14 milhões. 

Novos caminhos para startups

Para acompanhar o mercado que precisa se reerguer é preciso trabalhar a competitividade e as soluções inovadoras. É o que acredita Marcos Pavesi, ao dizer que o olhar deve estar voltado para o Brasil como um grande mercado com potencial de crescimento. "Ainda que algumas situações macroeconômicas conjunturais possam afetar os segmentos automotivos nacionais, nossos estudos apontam para o desenvolvimento do setor neste ano. A economia ainda está turbulenta, mas acreditamos em uma recuperação sólida até o final de 2022”, explica.

O modelo de negócios com fundos de investimento de risco tem se mostrado menos confiável. Levantamento da consultoria KPMG mostra que os investimentos em venture capital no país nos primeiros três meses de 2022 caíram 42% na comparação com o quarto trimestre do ano passado. Os dados refletem a cautela dos investidores frente ao aumento da volatilidade no cenário macroeconômico nacional e global.

Especialistas indicam que o dinheiro antes investido em empresas de risco acaba escapando para investimentos mais seguros. “Enquanto antes tinha um paradigma em que valia mais a pena crescer do que ser lucrativo, porque existiam investidores dispostos a bancar esse crescimento, mesmo com caixa negativo, agora isso não é mais verdade. As empresas precisam ter mais atenção ao caixa, mesmo que isso signifique crescer mais lentamente”, conclui.

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