A Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Câmpus de Imperatriz, realizou nessa segunda-feira, 11, o Curso de Avaliação Dermatoneurológica na Hanseníase, ministrado pela professora Karine Vieira, especialista em Dermatologia e integrante de projeto de pesquisa que investiga novas formas de diagnóstico e monitoramento da doença.
Voltada para profissionais da saúde e estudantes de Medicina e Enfermagem de Imperatriz , a capacitação será oferecida semestralmente, com vagas limitadas a 20 participantes, fortalecendo a rede de atenção à saúde em uma das regiões mais afetadas pela hanseníase no país.
O curso faz parte do projeto “Monitoramento da Qualidade de Vida, Evolução Dermatoneurológica e Satisfação Quanto ao Serviço de Saúde Disponibilizado a Pacientes com Hanseníase e Contatos”, coordenado pela docente do curso de Medicina da UFMA-Imperatriz, Michelli Erica Souza Ferreira, e financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A iniciativa inclui ações de monitoramento clínico, palestras educativas nas Unidades Básicas de Saúde participantes, cursos teórico-práticos e pesquisas sobre biomarcadores como o óxido nítrico e o fator de crescimento neural (NGF), que podem ajudar a detectar a doença mais cedo.
De acordo com a coordenadora, professora Michelli Erica Souza Ferreira , o projeto foi concebido diante da alta incidência de hanseníase em Imperatriz, considerada área hiperendêmica. “Buscamos fornecer um laboratório especializado, qualificar profissionais e desenvolver exames mais precisos para diagnosticar a doença de forma precoce. A hanseníase é crônica e pode demorar de três a dez anos para se manifestar clinicamente. Como ainda não existe um exame laboratorial que permita detectar tão cedo, a pesquisa é fundamental”, explicou .
A professora Karine Vieira, que conduziu a formação, destacou que a identificação de sinais clínicos nem sempre é simples. “Normalmente são manchas, lesões como caroços na pele, manchas vermelhas ou brancas. Mas também existem lesões com perda de sensibilidade, câimbras e formigamentos nos pés e nas mãos, que podem ocorrer durante o dia ou à noite. Esses sintomas, embora sutis, precisam ser investigados”, alertou. Para ela, a formação continuada é essencial para evitar diagnósticos tardios. “A educação continuada faz o profissional sempre lembrar da hanseníase, que é muito prevalente na nossa região e às vezes esquecida. Isso impacta na qualidade do exame físico e no número de casos detectados precocemente”.
Entre os participantes, a enfermeira Tiara Camberimba, da Estratégia de Saúde da Família, ressaltou a importância do treinamento. “O que me motivou foi o grande número de pacientes subnotificados que temos na nossa região. Sabemos que é uma região endêmica, mas ainda com poucos casos diagnosticados. Para ter uma prática mais eficaz, resolvi participar do curso”, afirmou. Segundo ela, o maior ganho é a segurança clínica para atuar. “A prática eficaz vem da teoria. É a teoria que me permite fazer um diagnóstico correto, transmitir segurança ao paciente e garantir a adesão ao tratamento”, lembrou.
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